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Exercício auxilia tratamento de fraqueza muscular pós-Covid-19

Pesquisas da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP) realizadas com a enzima conversora de angiotensina II (ECA2) revelam que o exercício pode ser uma boa terapia não farmacológica para combater miopatia esquelética após a Covid-19.
A doença provoca dificuldades cardiorrespiratórias, fraqueza muscular e fadiga, sintomas que podem permanecer por meses e dificultar a realização de movimentos corriqueiros do dia a dia, como andar, levantar e comer.
Em entrevista ao Jornal da USP, a professora Edilamar Menezes de Oliveira, coordenadora do Laboratório de Bioquímica e Biologia Molecular do Exercício da EEFE, explica que a ECA2 funciona como receptor na membrana celular e serve como porta de entrada para o Sars-Cov-2.
Ao entrar nas células, o vírus danifica a estrutura da enzima, tirando dela sua funcionalidade de balanceamento do sistema renina-angiotensina (SRA), que atua na manutenção da pressão arterial, equilibrando a quantidade hídrica e sódica no organismo.

“O que o exercício físico faz, sobretudo a atividade aeróbica, é resgatar essa funcionalidade”, diz a professora.

Enzima tem papel importante na saúde cardiovascular

Oliveira acrescenta que a ECA2 é importante por converter a angiotensina II (Ang II), que está associada a doenças cardiovasculares como hipertensão, arteriosclerose e infarto do miocárdio, em angiotensina 1-7 (Ang 1-7), cuja função no SRA é oposta: ela evita efeitos deletérios ao sistema cardiovascular.
A ECA2 também está presente em muitos tecidos do corpo, incluindo a musculatura esquelética, o que, de acordo com a professora da USP, justifica o comprometimento de vários órgãos em pessoas infectadas pelo novo coronavírus.

“A miopatia esquelética que afeta os músculos do tórax pode contribuir para a insuficiência ventilatória além da oxigenação devido à pneumonia por Sars-Cov-2. O aumento da expressão dessa molécula [ECA2] em pacientes pode influenciar inclusive na gravidade da doença”, alerta.

Em 2010, Oliveira orientou um estudo que mostrou que ratos obesos, depois de serem submetidos a treinamento físico, tiveram alterados os componentes do SRA em seus organismos.
Os animais fizeram cinco sessões semanais de 60 minutos, por dez semanas, e apresentaram melhora em vários índices: aumento da enzima ECA2 no coração e do HDL (colesterol bom) e redução do peso corporal, dos triglicérides, da frequência cardíaca e do LDL (colesterol ruim).
A professora lembra que ainda há muitas perguntas sem respostas sobre a infecção pelo Sars-Cov-2, mas ressalta que, devido ao papel central da ECA2 no mecanismo de entrada do vírus no organismo, a compreensão de suas funcionalidades é fundamental para o entendimento das alterações fisiopatológicas provocadas pela Covid-19.

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