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Atividade física regular diminui risco de internação e morte por Covid-19

A relação entre atividade física e Covid-19 está na mira da ciência desde o primeiro ano de pandemia, em 2020. Diversos estudos – alguns deles divulgados no blog do Instituto HZM – já investigaram o papel do exercício na redução não só de infecções pelo Sars-CoV-2, vírus responsável pela doença, como também, nos casos mais graves, de hospitalizações e mortes.

Reunir o conhecimento sobre o assunto foi o objetivo de pesquisadores das universidades Pública de Navarra e de Valência, na Espanha. Enquanto revisavam a literatura, os cientistas também procuravam estimar quanto de atividade física seria necessário para diminuir os riscos de infecção, internação hospitalar e óbito associados ao Sars-CoV-2.

A análise partiu de 291 estudos sobre atividade física e Covid-19. Desse total, os cientistas espanhóis selecionaram 16 trabalhos de 10 países, entre eles o Brasil, com participação de 1,8 milhão de adultos. Os voluntários tinham média de idade de 53 anos, e pouco mais da metade (54%) eram mulheres.

O trabalho foi publicado no periódico British Journal of Sports Medicine.

Tempo mínimo, proteção máxima

A análise dos dados mostrou que, em geral, indivíduos que incluíram atividade física regular em sua rotina semanal tiveram risco 11% menor de infecção pelo Sars-CoV-2 – ou seja, de contrair a Covid-19 – em comparação a pessoas fisicamente inativas. Da mesma forma, apresentaram probabilidades mais baixas de internação (36%), manifestação grave da doença (44%) e morte (43%).

A proteção máxima, no entanto, foi observada naqueles que tiveram gasto energético equivalente a 150 minutos por semana de atividade física em intensidade moderada ou 75 minutos em ritmo vigoroso. Esse tempo coincide com o mínimo previsto nas diretrizes de atividade física da Organização Mundial da Saúde (OMS).

“A ligação entre a atividade física regular e a gravidade da Covid-19 é pouco compreendida, mas, provavelmente, envolve fatores metabólicos e ambientais”, dizem os pesquisadores, em texto de divulgação.

“Nossas descobertas destacam os efeitos protetores de praticar atividade física suficiente como uma estratégia de saúde pública”, acrescentam.

Atividade física moderada e Covid-19 grave

Os cientistas alertam que a análise tem limitações, pois inclui estudos observacionais com diferentes desenhos, além de avaliações subjetivas dos níveis de atividade física. Ademais, o fato de contemplar apenas as variantes beta e delta do Sars-CoV-2, e não a ômicron, pode enfraquecer os resultados.

Mas, segundo eles, há explicações biológicas plausíveis para as descobertas. A atividade física de intensidade moderada, afirmam, tem “benefícios potenciais para reduzir o risco de Covid-19 grave”. Isso porque o exercício ajuda a aumentar as respostas anti-inflamatórias do corpo, bem como a aptidão cardiorrespiratória e muscular.

Ainda assim, “dada a heterogeneidade e o risco de viés de publicação”, os pesquisadores defendem mais estudos “com metodologia padronizada e relatórios de resultados”.

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