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Atividade física e ganho de massa muscular na menopausa

Um amplo estudo publicado em maio no periódico Journal of Clinical Medicine mostra que as alterações no músculo esquelético relacionadas à idade fazem parte do cotidiano das mulheres na casa dos 50 anos. Nessa faixa etária, ocorre a passagem da perimenopausa para a pós-menopausa, e a produção de estrogênio cessa, o que prejudica os músculos.
A boa notícia é que a atividade física, em todas as suas formas, pode ajudar a manter a massa muscular na meia-idade. É o que afirmam especialistas do Centro de Pesquisa em Gerontologia e Faculdade de Ciências do Esporte e da Saúde, da Universidade de Jyväskylä, na Finlândia.
“Nós já sabíamos que o estrogênio tem um papel [importante] na regulação das propriedades musculares”, comenta a aluna de doutorado Hanna-Kaarina Juppi, em depoimento ao site da universidade.

“Seguindo o status hormonal, medindo muitos aspectos dos músculos e levando em consideração o envelhecimento cronológico simultâneo de mulheres em transição da menopausa, conseguimos mostrar que a diminuição da massa muscular já ocorre no início da pós-menopausa”, acrescenta.

No estudo finlandês, o tamanho dos músculos das participantes foi medido no estado perimenopausal e logo após a entrada na pós-menopausa, quando a menstruação já havia parado permanentemente. As mulheres tinham, em média, 51 anos e meio de idade no início do levantamento e 53 anos nas medições finais.
Nesse grupo, portanto, a transição da menopausa durou, em média, um ano e meio. Mas esse tempo é único para cada mulher e, entre as participantes do estudo, variou de menos de seis meses a mais de três anos. Durante esse período, a diminuição da massa muscular foi, em média, de 1%.
Embora não pareça grande, a alteração é significativa, segundo Juppi.

“O declínio ocorre em um curto período de tempo e pode ter um impacto [negativo] no metabolismo, pois os músculos são importantes reguladores do metabolismo de todo o corpo”, explica a pesquisadora.

Pesquisadores recomendam manter-se ativo

Por outro lado, Juppi e sua equipe verificaram que as mulheres mais ativas fisicamente tinham maior massa muscular antes e após a menopausa, em comparação com as menos ativas.
Na conclusão do estudo, os pesquisadores pontuam que “a atividade física foi associada à manutenção da massa muscular durante a meia-idade, sugerindo que as mulheres devem permanecer fisicamente ativas para reduzir o risco de sintomas relacionados à perda de massa muscular, como sarcopenia”.

“Como o tecido muscular é importante não apenas para a locomoção, mas também para a termorregulação e o metabolismo de todo o corpo, as reduções na massa muscular relacionadas à menopausa demonstradas aqui podem representar o aparecimento de efeitos negativos generalizados na saúde das mulheres”, complementam.

A pesquisa, intitulada “Papel da Transição da Menopausa e da Atividade Física na Perda de Massa Magra e Muscular: Um Estudo de Acompanhamento em Mulheres Finlandesas de Meia-Idade”, faz parte de um estudo maior, “Regulação Estrogênica da Apoptose Muscular (Erma, na sigla em inglês), liderado por Eija Laakkonen.
Mais de mil mulheres entre 47 e 55 anos da região de Jyväskylä participaram do Erma. No início, 381 delas estavam na perimenopausa, enquanto 234 atingiram a pós-menopausa precoce durante a pesquisa.

Musculação contra a sarcopenia

Em 2019, o blog do Instituto HZM publicou matéria sobre um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) que correlaciona baixo índice de massa muscular apendicular a maior risco de morte na terceira idade. A pesquisa revela que homens e mulheres acima de 65 anos com poucos músculos nos braços e nas pernas têm, respectivamente, 11,4  e 63 vezes mais risco de morrer do que idosos sem essa condição.
Entre as mulheres, apenas o índice de massa muscular baixo se mostrou significativo para ser associado ao risco de morte. Já entre os homens, a gordura visceral também foi um fator relevante.
Em entrevista à Agência Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), a pesquisadora Rosa Maria Rodrigues Pereira observa que as mudanças hormonais relacionadas à menopausa ajudam a explicar a diferença entre os sexos.

“Talvez a transição rápida e significativa de um ambiente estrogênico protetor para um ambiente hipoestrogênico deletério – principalmente no que se refere ao sistema cardiovascular – faça com que o papel metabólico protetor da musculatura esquelética, que inclui a produção de citocinas anti-inflamatórias, ganhe importância na pós-menopausa. Essa alteração hormonal é muito menos abrupta nos homens”, detalha.

A matéria também aponta os riscos da sarcopenia – perda de massa muscular associada ao envelhecimento. Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBB), cerca de 15% dos brasileiros acima de 60 anos têm o problema, que é acelerado, entre outros fatores, pelo sedentarismo.
Uma das medidas apontadas pela SBB para prevenir a sarcopenia e reabilitar pessoas com essa condição são exercícios físicos de resistência (musculação).

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