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Atividade física e doenças crônicas não transmissíveis

De cada 100 mortes no mundo, 71 são provocadas por doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs). Países de baixa e média rendas são os mais afetados, com 77% dos óbitos.

No Brasil, de acordo com dados de 2019 do Ministério da Saúde, 54,7% das mortes são provocadas por DCNTs. Isso significou, naquele ano, mais de 730 mil vidas interrompidas, 42% delas prematuramente – o que representa 308 mil pessoas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta um pequeno conjunto de fatores de risco como responsáveis pela grande maioria das mortes por DCNTs. Um deles é a inatividade física.

Estima-se que 23% dos adultos no mundo não atinjam as diretrizes de atividade física da OMS: praticar, no mínimo, 150 minutos em intensidade moderada ou 75 minutos em ritmo vigoroso por semana. O índice pode chegar a até 80% em algumas populações, devido à influência de fatores como meios de transporte, tecnologia e valores culturais.

Entre os brasileiros, metade da população adulta não segue as recomendações da OMS, segundo o Ministério da Saúde. Ainda de acordo com o órgão, a partir de dados do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde, dos Estados Unidos, a inatividade física esteve relacionada a mais de 800 mil óbitos no mundo  em 2019 e “se configura como uma das principais causas de perda de anos de vida saudáveis”.

Estudo da Universidade Federal Fluminense (UFF), divulgado em 2021, constatou que a inatividade física representa, para o Sistema Único da Saúde (SUS), gastos de cerca de R$ 300 milhões, em valores de 2019, somente com internações.

Quais são as doenças crônicas não transmissíveis?

As principais DCNTs são:

  • Doenças cardiovasculares (DCVs);
  • Doenças respiratórias;
  • Câncer;
  • Diabetes.

De acordo com o Relatório de Estado Global em Doenças Não Transmissíveis 2014, da OMS, essas quatro enfermidades somaram 82,6% de todas as mortes por DCNTs no mundo em 2012. Juntas, elas provocaram, naquele ano, 31,2 milhões de óbitos.

No final de 2020, as Estimativas Globais de Saúde, também da OMS, apontavam que as doenças cardiovasculares, sozinhas, eram a principal causa de morte em todo o mundo havia 20 anos. O documento também assinalava o crescimento do número de óbitos por DCVs no período: de 2 milhões, em 2000, para quase 9 milhões, em 2019 – 16% do total daquele ano.

Atividade física na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis

Se a inatividade física contribui para novos casos de DCNTs e de mortes por essas enfermidades, o contrário também é válido. A prática regular de atividade física favorece a prevenção e o tratamento das doenças crônicas não transmissíveis. Conforme destaca o site do Ministério da Saúde, “evidências comprovam seus benefícios no controle de diabetes tipo 2, câncer, depressão, doenças cardíacas” e outros males.

Já em outro veículo, a pasta destaca que “o monitoramento contínuo de indicadores relacionados à prática de atividade física é imprescindível para a implementação e o acompanhamento de políticas públicas efetivas para a redução e o controle das DCNTs e de seus fatores de risco”. A frase consta da recém-lançada publicação Estimativas sobre Frequência e Distribuição Sociodemográfica de Prática de Atividade Física nas Capitais dos 26 Estados Brasileiros e no Distrito Federal entre 2006 e 2020, produzida pela Secretaria de Vigilância em Saúde.

O documento integra uma série sobre resultados coletados pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) em seus primeiros 15 anos de atuação. A pesquisa foi criada em 2006 com o objetivo de monitorar a frequência e a distribuição dos principais determinantes das DCNTs no país.

Até 2020, 757 mil brasileiros haviam sido entrevistados – 288 mil homens (38%) e 469 mil mulheres (62%).

Brasileiros estão mais ativos

Os números do Vigitel mostram que a frequência de brasileiros adultos que praticam pelo menos 150 minutos de atividade física moderada por semana no tempo livre aumentou nos últimos anos. O índice, que era de 30,3% em 2009, subiu para 36,8% em 2020.

Esse crescimento foi observado em ambos os sexos, mas o maior aumento foi entre as mulheres. Em 2009, 22,2% cumpriam as recomendações da OMS, contra 30,5% em 2020. Entre os homens, os índices foram de 39,8% e 44,2%, respectivamente.

Em relação à idade, o maior aumento foi observado na faixa de 35 a 44 anos. Em 2009, 25,6% das pessoas desse grupo etário praticavam pelo menos 150 minutos de atividade física moderada por semana no tempo livre. Em 2020, eram 38%.

Já a atividade física praticada no deslocamento para o trabalho ou o estudo teve uma pequena queda no período analisado, de 17% em 2009 para 13,3% em 2020 – valores considerados estáveis na publicação. O mesmo se observou no número de brasileiros inativos fisicamente, que caiu de 15,9% em 2009 para 14,9% em 2020.

O Vigitel classifica como fisicamente inativo quem refere não ter praticado qualquer atividade física no tempo livre, nos três meses anteriores à entrevista, e que não realiza esforços físicos relevantes no trabalho, não se desloca para o trabalho ou para a escola a pé ou de bicicleta – perfazendo um mínimo de 10 minutos por trajeto ou 20 minutos por dia – e não participa da limpeza pesada de sua casa.

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