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Diabetes, doenças cardiovasculares e atividade física

Em alusão ao Dia Mundial do Diabetes, celebrado em 14 de novembro, conheça a associação entre esse distúrbio metabólico e as doenças cardiovasculares. Ademais, saiba como a atividade física e o exercício podem colaborar na prevenção e no tratamento do diabetes.
O diabetes é uma doença crônica causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue e garante energia para o organismo. De acordo com a Federação Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês), 537 milhões de pessoas em todo o mundo – 10% dos adultos – vivem com esse distúrbio metabólico. Número que deve chegar a 700 milhões em 2045, conforme aponta o Atlas IDF 2019.
O Brasil é o quarto país do mundo com mais pacientes diagnosticados. Estima-se que mais de 15 milhões de brasileiros – um em cada nove adultos – sejam diabéticos, mas 46% dessas pessoas não sabem que têm a doença. Idade superior a 45 anos, histórico familiar, sobrepeso, obesidade, hipertensão e sedentarismo estão entre os fatores de risco.

“Estamos falando de uma doença silenciosa”, constata o endocrinologista Carlos Eduardo Couri, em vídeo da campanha “Quem vê diabetes vê coração”. “Muitas vezes, o paciente fica com a glicose levemente aumentada. Se ele não cuida direitinho, lá na frente acaba pagando o preço”, acrescenta.

Campanha alerta para relação entre diabetes e doenças cardiovasculares

A campanha “Quem vê diabetes vê coração” tem apoio das sociedades brasileiras de Cardiologia (SBC), Endocrinologia e Metabologia (Sbem) e Diabetes (SBD), entre outras instituições. O objetivo é conscientizar a população quanto à relação entre o diabetes tipo 2, responsável por 90% dos casos da doença, e os problemas cardíacos.
O diabetes aumenta o risco de doenças cardiovasculares, explica o site da iniciativa, porque altos níveis de açúcar no sangue podem danificar as paredes dos vasos sanguíneos. Isso aumenta a chance de acúmulo de gordura nos vasos e, eventualmente, faz com que fiquem estreitos, causando, assim, a redução do fluxo sanguíneo.
Com essa diminuição, pode haver muita força empurrando o sangue contra as paredes dos vasos, o que caracteriza a hipertensão. Quando a pressão sanguínea está alta, o coração e os vasos têm que trabalhar muito mais para mover o sangue ao redor do corpo. Com o tempo, todo esse processo causa danos ao coração.

“Quem tem diabetes, especialmente o tipo 2, traz junto o excesso de peso, a hipertensão, o colesterol alto, os triglicérides altos, apneia do sono. E tudo isso junto aumenta muito o risco de a pessoa ter infarto, arritmia e insuficiência cardíaca”, constata Dr. Couri.

Pesquisa revela números da associação entre as doenças no Brasil e no mundo

Pessoas com diabetes tipo 2, prossegue o endocrinologista, têm risco quatro vezes maior de problemas cardíacos. Já a SBC destaca que mais da metade dos portadores de doenças cardiovasculares possuem algum transtorno relacionado à glicose no organismo.
A relação entre diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares foi alvo do estudo Capture, que analisou dados de 10 mil diabéticos em 13 países – incluindo o Brasil – de cinco continentes. Os participantes representavam o paciente típico da doença, com médias de 63,4 anos de idade, 29,9 kg/m2 de índice de massa corporal (IMC) e 12,4 anos vivendo com diabetes. Os pesquisadores constataram que:

  • 33% de todas as pessoas com diabetes tipo 2 têm doença cardiovascular estabelecida;
  • 40% dos brasileiros com diabetes tipo 2 apresentam doenças cardiovasculares;
  • 90% das pessoas com diabetes tipo 2 e doença cardiovascular estabelecida têm doença cardiovascular aterosclerótica;
  • 20% das pessoas com diabetes tipo 2 estão recebendo medicamentos que reduzem a glicose e têm benefício cardiovascular comprovado.

“A principal complicação [do diabetes] é a doença cardiovascular”, afirma o cardiologista José Francisco Kerr Saraiva, diretor de Promoção de Saúde Cardiovascular da SBC/Funcor, em depoimento ao site da sociedade. “Mais de 80% dos diabéticos morrem de infarto, acidente vascular cerebral (AVC) ou doença renal, que também é uma doença vascular. Antes da descoberta da insulina, em 1921, as pessoas com diabetes iam a óbito por desnutrição, infecções e coma cetoacidótico, por exemplo”, complementa.

Profissionais destacam importância do exercício na prevenção e no tratamento do diabetes

Devido ao caráter “silencioso” do diabetes, o cardiologista ressalta que o diagnóstico, hoje, está associado, sobretudo, ao aumento do peso corporal. Este, por sua vez, está relacionado a hábitos contemporâneos não saudáveis, como inatividade física e consumo em excesso de alimentos com muitas calorias.

“Se as pessoas fizerem exercícios, ingerirem uma menor quantidade de alimentos calóricos e tiverem possibilidade de realizar dieta saudável, rica em alimentos naturais, terão uma menor ingestão de caloria. Reduzindo o peso, você vai diminuir a sua sobrecarga na produção de insulina”, alerta Dr. Saraiva.

Em outro vídeo da campanha “Quem vê diabetes vê coração”, o educador físico Chico Salgado diz que o movimento corporal ajuda a melhorar a absorção da insulina, o que reduz o açúcar no sangue “sem precisar forçar tanto nas dietas e nas medicações”. Já o endocrinologista Roberto Zagury, ao site Eu Atleta, comenta que, para pacientes com diabetes tipo 2, 150 minutos de atividade física por semana proporcionam redução nos níveis de glicose semelhante ao uso de uma medicação.

“O melhor exercício é o que a pessoa gosta de fazer, porque a gente tem uma chance de adesão no médio e no longo prazo muito maior”, pondera Dr. Zagury, que é membro da Sbem.

Médico recomenda começar com atividade física leve

Embora qualquer tipo de atividade ajude, o endocrinologista comenta que exercícios aeróbicos são os mais eficientes para reduzir os níveis de glicose. Entre os exemplos, ele cita natação, corrida e ciclismo. Mas, para resultados ainda melhores, Dr. Zagury indica exercícios aeróbicos e de força combinados.

“Hoje, já dá para afirmar que ambos são eficientes e devem ser realizados conjuntamente”, reforça.

Ainda de acordo com o médico, o exercício pode ajudar também na prevenção para pessoas com pré-diabetes, pois quem está nessa condição tem 58% de chance de evoluir para a doença. E para quem acabou de se descobrir diabético e pretende iniciar a prática de exercícios, Dr. Zaguyry recomenda supervisão médica e atividades leves, ao menos no início.

“Algumas pessoas, quando descobrem o problema, ficam com muito medo de começar a fazer exercícios e ter um problema cardíaco durante a prática da atividade, mas são eventos extremamente raros. O importante é que a pessoa sedentária não comece com exercícios de alta intensidade, e sim vá progredindo dia após dia”, orienta.

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