Pesquisa publicada recentemente no periódico The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism mostra que a prática de atividade física em jejum pode ser benéfica para a saúde e uma grande aliada para a queima de gordura e o controle da glicemia.
Desenvolvido por pesquisadores das universidades de Bath e Birmingham, na Inglaterra, durante seis semanas, o estudo teve como objetivo avaliar as respostas metabólicas ao exercício em indivíduos do sexo masculino, sedentários e com sobrepeso ou obesidade, em duas condições distintas: antes e depois do desjejum.
Participaram 42 homens da região de Bath. Eles foram divididos em três grupos: um que tomou café da manhã antes de uma atividade de intensidade moderada com bicicleta; outro que pedalou em jejum noturno; e um que não que não fez mudanças no estilo de vida.
Os pesquisadores descobriram que os participantes que pedalaram antes do café da manhã queimaram duas vezes mais gordura do que aqueles que se exercitaram após a refeição matinal. Os primeiros também tiveram níveis mais baixos de insulina durante a atividade.
Embora o treino antes do desjejum, durante o período do estudo, não tenha levado a diferenças na perda de peso, ele teve um impacto positivo na saúde dos participantes, porque seus corpos reagiram melhor à insulina.
Ganhos prolongados
Segundo os pesquisadores, o aumento no uso de gordura é amplamente atribuído a níveis mais baixos de insulina durante o exercício. Isso significa que aquelas pessoas que se exercitam antes do café da manhã acabam usando mais gordura do tecido adiposo e dos músculos como combustível.
“A maior conclusão do estudo é que o horário das refeições pode ter um impacto profundo nas respostas ao exercício”, diz Javier Gonzalez, um dos autores do estudo e professor sênior de Fisiologia Humana da Universidade de Bath, em entrevista ao site Healthline.
“Para pessoas que procuram maximizar os benefícios do exercício para a saúde, realizar algumas sessões em jejum noturno provavelmente será mais proveitoso do que fazer todas as sessões após o café da manhã”, acrescenta.
De acordo com Gonzalez, pesquisas anteriores sugeriam que uma única sessão de exercício realizada antes do café da manhã aumentaria o uso de gordura. Porém, antes do estudo que ajudou a conduzir, não se sabia ao certo se essa ampliação continuaria durante um programa de treinamento ou por um período prolongado.
“Nós demonstramos que o aumento no uso de gordura com exercícios antes do café da manhã persiste ao longo de seis semanas de treino. Isso se traduz em melhorias na sensibilidade à insulina e em adaptações nos músculos associados ao controle da glicose”, reforça o pesquisador.
Os próximos passos incluem uma investigação em longo prazo e a inclusão de mulheres no estudo.
Análise cautelosa
A médica Marcella Garcez, professora da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), fala com cautela sobre os resultados do estudo. Ao jornal Notícias ao Minuto, ela ponderou que nem todo organismo responde bem à proposta dos pesquisadores ingleses.
“A princípio, o objetivo de quem pratica atividade física em jejum é aumentar a oxidação das gorduras corporais. Algumas pessoas vão muito bem e conseguem resultados satisfatórios. Outras, porém, podem ter sintomas de hipoglicemia e piora da performance”, comentou.
A nutróloga também alertou para o risco de se exercitar sem acompanhamento médico e exames prévios, principalmente em jejum.
“Consulte-se com um especialista; ele esclarecerá suas dúvidas e indicará qual o método mais recomendável de acordo com suas necessidades”, salientou.
