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O que é Medicina Esportiva e o que faz o médico do esporte?

O que é Medicina Esportiva? Quem é o profissional da área? O que ele faz? Esses são alguns questionamentos respondidos neste artigo, que inicia uma série de publicações do Instituto HZM com conhecimentos básicos sobre a especialidade para o médico em busca das primeiras informações. Nas próximas semanas, falaremos também sobre a história da Medicina Esportiva e as especialidades médicas com as quais ela tem mais afinidade.

A Medicina do Exercício e do Esporte – ou simplesmente Medicina Esportiva, nome da especialidade no Brasil – tem diferentes definições ao redor do mundo.

O Conselho Médico da Nova Zelândia (MCNZ, na sigla em inglês), por exemplo, traz o seguinte conceito:

“Medicina do Exercício e do Esporte é o cuidado médico do indivíduo que se exercita, incluindo a avaliação e o manejo de pacientes com lesões musculoesqueléticas e problemas médicos decorrentes da atividade esportiva”.

Para a Federação Internacional de Medicina do Esporte (FIMS, na sigla em francês), a especialidade é mais do que uma disciplina médica.

Na publicação “90 anos de contribuição para a saúde no esporte – O legado da FIMS”, a entidade alega ter colaborado para a evolução da Medicina Esportiva, que passou de um campo do conhecimento que fornecia “cura” para os atletas e permitia que tivessem o melhor desempenho possível com segurança para uma ciência focada na prática esportiva como ferramenta para proteger a saúde dos atletas e promover a saúde da população em geral.

Os 3 elementos da Medicina Esportiva

Esse também é o tom da Northwestern Medicine. Em sua definição para o que é Medicina Esportiva, a instituição americana salienta que a especialidade tem como foco “ajudar as pessoas a se recuperar de lesões relacionadas a esportes, exercícios ou outras atividades físicas, assim como ajudá-las a atingir as metas gerais de bem-estar, condicionamento físico e desempenho atlético”.

Já o Colégio Real de Médicos de Edimburgo (RCPE, em inglês), na Escócia, ressalta que a Medicina Esportiva “tem uma aplicação em larga escala na melhoria da saúde do público em geral”.

Além disso, é composta por três elementos:

  • Exercício como forma de melhorar a saúde;
  • Exercício como tratamento de doenças;
  • Tratamento de lesões decorrentes do esporte.

O que é Medicina Esportiva na definição brasileira

No Brasil, a Sociedade de Medicina do Exercício e do Esporte – Seccional Rio de Janeiro (SMEERJ) diz que a Medicina Esportiva “é a especialidade médica que estuda a influência do exercício físico no ser humano, orientando atletas, indivíduos saudáveis e doentes (cardiopatas, hipertensos, diabéticos, obesos etc.) quanto à prática de exercícios físicos e treinamento desportivo mais adequado a cada caso e situação”.

“Percebe‑se que a especialidade é bastante ampla e que se ocupa dos fatores que influenciam o exercício antes, durante e após a prática de exercícios”, acrescenta a SMEERJ.

Tal abrangência se reflete nas subáreas de atuação da Medicina Esportiva, a saber:

  • Fisiologia do Exercício;
  • Reabilitação Cardíaca;
  • Avaliação Clínica e Funcional;
  • Nutrição Esportiva;
  • Medicina do Exercício;
  • Ortopedia e Traumatologia do Esporte;
  • Reabilitação de Lesões;
  • Prevenção e Combate ao Doping.

Médico do esporte: profissional com conhecimento abrangente

O termo mais utilizado para se referir ao especialista em Medicina Esportiva é médico do esporte. A Sociedade Americana de Medicina Esportiva (AMSSM, em inglês) destaca que o profissional da área é especializado no tratamento e na prevenção de doenças e lesões para ajudar o paciente “a alcançar o seu melhor e levar um estilo de vida mais saudável”. Ademais, pode fornecer assistência médica abrangente para atletas, equipes esportivas ou indivíduos ativos fisicamente.

“Médicos do esporte são ideais para não atletas, bem como são excelentes recursos para o indivíduo que deseja se tornar ativo ou iniciar um programa de exercícios. Para o ‘guerreiro de fim de semana’ ou o ‘atleta industrial’ que sofre uma lesão, a mesma experiência usada para o atleta competitivo pode ser aplicada para devolver o indivíduo o mais rápido possível à plena função”, afirma a AMSSM, em material para pacientes.

O MCNZ, por sua vez, ressalta os múltiplos conhecimentos do médico do esporte. O profissional, segundo a entidade, possui experiência em Medicina geral, bem como em Ortopedia e Reabilitação, além de ciências do esporte afins, incluindo Nutrição, Biomecânica, Fisiologia do Exercício e Psicologia do Esporte.

Essa característica é aplicada no dia a dia do médico do esporte, sobretudo aquele que trabalha com atletas de alto desempenho. É o que atesta o Dr. Marco Martins Lages, médico da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) e professor das pós-graduações do Instituto HZM:

“Quando você está viajando com o time, numa competição, tem que lidar com tudo. O especialista em Medicina Esportiva, obrigatoriamente, precisa ter um conhecimento mais abrangente da Medicina como um todo.”

“Muitas possibilidades de trabalho”

O médico do esporte tem um amplo campo de trabalho. Ele é o profissional indicado para acompanhar a prática de exercícios físicos por pessoas saudáveis e em condições especiais de saúde, como sedentários, gestantes, idosos e portadores de doenças crônico‑degenerativas – por exemplo, obesidade, diabetes, problemas cardiovasculares ou pulmonares, hipertensão e osteoporose.

Portanto, o médico do esporte tem como pacientes em potencial pessoas de todas as idades. Isso inclui desde os indivíduos que já são ativos fisicamente até os que pretendem iniciar um programa de exercícios, passando por quem necessita praticar atividade física como parte de algum tratamento de saúde.

Ademais, é o médico do esporte que faz o acompanhamento da saúde e do treinamento de atletas, profissionais ou amadores, seja para melhorar o desempenho, prevenir lesões ou, caso elas ocorram, cuidar da recuperação. O profissional atua, ainda, com equipes esportivas, em clubes, federações e outras entidades ligadas ao esporte, ao lado de médicos de outras especialidades e profissionais de diferentes formações.

Por fim, o médico do esporte pode atuar em seu consultório ou em clínicas e hospitais, sejam públicos ou particulares. Também está habilitado a realizar diversos procedimentos. Um deles é a cineantropometria, método de avaliação de vários elementos da composição corporal – por exemplo, proporcionalidade, somatótipo (tipo corporal de um indivíduo) e diferentes massas (muscular, óssea, magra, gorda).

“São muitas as possibilidades de trabalho”, reconhece o Dr. André Nunes, médico do esporte que atua com controle de doping na Federação Mineira de Futebol (FMF). Além disso, ele é cardiologista e professor do Instituto HZM, onde foi aluno da pós-graduação em Medicina do Exercício e do Esporte.

Possíveis tratamentos

A AMSSM explica que o médico do esporte é especializado no tratamento não cirúrgico de condições musculoesqueléticas. Entre elas, encontram‑se:

  • Lesões agudas, como entorses de tornozelo, distensões musculares, fraturas e lesões de joelho e ombro;
  • Lesões por “overuse”, ou seja, uso excessivo – por exemplo, fraturas por estresse, lesão no manguito rotador e outras formas de tendinite/tendinose;
  • Terapias para osteoartrite.

Já os aspectos não musculoesqueléticos da Medicina Esportiva incluem, entre outros:

  • Tratamento de concussão e outros ferimentos na cabeça;
  • Acompanhamento de pacientes com doença crônica ou aguda;
  • Nutrição, prescrição de suplementos, uso de recursos ergogênicos e tratamento de problemas de desempenho esportivo;
  • Prescrição de exercícios para pacientes que desejam aumentar seu condicionamento físico;
  • Decisão de autorizar o indivíduo doente ou lesionado a retomar a prática esportiva – o que é conhecido como “return to play” (RTP);
  • Recomendações sobre treinamento de força seguro e exercícios de condicionamento físico;
  • Promoção de estilo de vida saudável.

Atuação com atletas

Por fim, o trabalho com atletas e equipes esportivas envolve aspectos como:

  • Avaliação pré‑participação esportiva (APPE);
  • Testes e avaliações físicas e fisiológicas;
  • Gerenciamento de lesões – educação, aconselhamento, prevenção, avaliação e reabilitação;
  • Atendimento das necessidades médicas gerais e relacionadas ao esporte;
  • Atendimento a populações especiais, como atletas paralímpicos;
  • Questões de psicologia esportiva;
  • Problemas com o uso de substâncias;
  • Participação em comissões e atividades antidoping;
  • Coordenação da equipe de saúde;
  • Comunicação com treinadores, administradores de escolas e clubes, atletas e familiares.
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